Na última semana mais uma caso de ataque resultou no desaparecimento de R$ 1.7 bilhão em criptomoedas de uma corretora no Japão. Não é a primeira vez que isso acontece. Em Dezembro de 2017 uma corretora sul coreana declarou falência depois que cerca de 17% de sua carteira de Bitcoin foi roubada.

Afinal, o quão seguro estão seus investimentos?

Quem Guarda seu Dinheiro?

Quando avaliam investimentos, usualmente os investidores procuram estudar a estrutura operacional do mesmo, ou seja, seus fundamentos. Aonde os fundos serão investidos, que tipo de retorno é esperado, quais os riscos de dar errado, etc. Porém, existe um fator que, na maioria das vezes, nem levado em consideração.

A custódia de títulos, antigamente, era feita de forma física. Ao adquirir ações de uma empresa ou títulos representativos de dívida, como debêntures, o investidor recebia papeis, documentos, com seu nome enquanto titular, o valor investido e outros detalhes do negócio.

Antes do registro eletrônico das operações, dizia-se que os investimentos eram “ao portador”, ou seja, quem portasse os títulos tinha os direitos sobre eles. Por isso, guardava-se esses documentos em bancos, cofres, caixas econômicas, corretoras e outras instituições financeiras.

A partir, principalmente, da década de 1990, um movimento de registro eletrônico de operações nasceu, e muitos documentos, papéis e títulos foram instintos e substituídos apenas pela escrituração digital.

Desta forma, as empresas e instituições financeiras se tornaram responsáveis por guardar, de forma eletrônica, os dados daquelas pessoas que investiam ou emprestavam dinheiro para participar de projetos. A custódia passou a ser digital.

O mesmo acontece com seu dinheiro. Hoje em dia é muito mais comum receber e enviar pagamentos de forma eletrônica do que física. Desta forma, quando você recebe recursos de alguém, é muito provável que houve apenas o registro eletrônico desta transação, ou seja, não foi depositado o dinheiro físico na sua conta, tampouco no cofre do banco.

Assim, o seu banco é o custodiaste do seu dinheiro de forma elétronica e é obrigado a disponibilizar a forma física em caso de saques.

Quem pode prestar este serviço?

No Brasil, e em mercados regulamentados, apenas instituições financeiras com autorização especial das autoridades de mercado de capitais podem ser responsáveis por este serviço. Não é simples abrir uma empresa para prestar este serviço. É necessário, antes, passar por diversos critérios e estabelecer medidas de segurança.

Normalmente, há uma redundância de dados. Por exemplo, ao adquirir ações através de uma corretora, há um duplo registro: o da própria corretora bem como o da bolsa de valores, no Brasil a B3.

Como terceira fonte de comprovação, para todas as operações, o investidor recebe um recibo da transação efetuada. Assim, em qualquer advento de divergência das operações, o investidor tem como comprovar sua titularidade e cobrar seus direitos.

E se o dinheiro sumir?

As instituições financeiras são obrigadas a prover segurança para seus usuários. Em caso de fraudes eletrônicas, os depositários podem acionar os custodiantes para reaver seus recursos novamente, mas isso só é possível pois há um regra para isto.

Nos Estados Unidos, por exemplo, ao sofrer “assaltos elétronicos”, o titular da conta abre um chamado no seu banco ou corretora que ressarce imediatamente os recursos enquanto abre sindicância para verificar se realmente houve algum tipo de crime eletrônico. É responsabilidade do banco assumir o prejuízo caso seja comprovado.

No Brasil, a Lei determina que a responsabilidade também é do prestador de serviços. Porém, na prática, o cliente, ao sofrer clonagem digital, ainda passa por muita dor de cabeça antes de recuperar seu dinheiro.

E no caso do Bitcoin?

Por ainda ser um mercado sem maiores regulamentações em boa parte do mundo, e uma tecnologia relativamente nova, há ainda muitas lacunas a serem preenchidas para reduzir o risco de roubo digital de criptomoedas.

Ao buscar pelo assunto em sites de pesquisa, facilmente encontra-se diversos casos de corretoras, operadoras e demais prestadores de serviço de negociação e custódia de moedas digitais que sofreram alguma espécie de ataque.

Logicamente, este tipo de não está limitado às criptomoedas. Toda transação eletrônica está à mercê de roubos digitais, seja de conta corrente, clonagem de cartões, etc. Entretanto, o alerta é feito pois, sem regulamentação, o trabalho de busca de direitos, e de seus recursos pelo investidor, acaba sendo muito mais longo, custoso e difícil.

Guarde bem suas senhas e torça pelo melhor.